
Há noites em que tudo o que eu encontro é o vazio. O vazio do meu quarto, do meu coração, dos meus pensamentos e dos meus sentimentos, e a única coisa que parece fazer sentido é a escuridão do meu quarto.
Há noites em que eu queria poder voltar atrás, nas atitudes, nas palavras, nas escolhas.
Há noites em que eu sinto saudade de quem eu era, de quem eu queria ser quando pudesse escolher qual caminho seguir, saudade do que nunca me pertenceu, mas que sempre foi meu, na minha cabeça e principalmente nos meus desejos.
Há noites em que sinto todo o chão abrir sobre os meus pés e há outras noites em que percebo que o meu chão nunca esteve aqui.
Há noites em que meus erros e meus demônios me perseguem, e eu tento desesperadamente fugir, esquecê-los. É uma luta dura, quase que insuportável, é uma luta diária. Há noites em que consigo fugir, me esconder e os raios de sol são a única coisa que me conforta, porque é o sinal de que eles foram embora. Foram? Há outras noites em que me alcançam, me machucam. E tudo o que sinto é uma dor latente, quase que como a dor de mil espadas transpassando o meu corpo, dividindo-o em mil pedaços e juntando-os novamente para começar tudo de novo. E eles me punem sem piedade, sem culpa. E se pudesse observar seus rostos, acredito que veria, sem sombra de dúvida, um sorriso malicioso de prazer.
Há noites em que eu me sinto culpada pelos erros dos outros, ou seriam meus erros envoltos em uma 'capa' criada por mim para não atrair mais demônios?
Há noites em que eu queria pedir desculpas pelo que fiz à algumas pessoas e dizer que se pudesse voltar atrás, tudo seria diferente. Mas o tempo não volta, ao contrário, ele segue, corre desenfreadamente...
Há noites em que eu recordo cada lembrança, cada sorriso, cada pessoa, cada gesto, cada perfume, cada sabor... E há noites em que escondo tudo isso em uma caixa, só para não ter que sentir e finjo que são lembranças de outra pessoa.
Há noites em que eu simplesmente me entrego... Aos demônios, as lâminas, as culpas, as dores e as lágrimas. É nessa noite em que eu me sinto mais frágil, entregue nas mãos dos meus carrascos, jogada na vala de conseqüências das minhas escolhas. Mas, eles não deveriam fazer isso comigo, eu sou um anjo. "Não" dizem eles, "suas escolhas fizeram de você um anjo caído". E isso, bem, isso muda tudo...