30 agosto, 2013

Hoje conheci um cara...

Tudo começa com: 'hoje conheci um cara'. Até aí tudo bem, conheço caras todos os dias, não que eles reparem em mim... Sempre fui do tipo que passa despercebida, que não faz falta, que ninguém repara se emagreceu ou engordou, era a nerd, a garota dos livros, a CDF, a 'menina que faz os trabalhos'. Nunca me importei, de verdade. Desde pequena sempre achei que os livros são melhores do que as pessoas, que as palavras fazem mais sentido, sabe? Sobre os garotos, eu nunca me importei em ser a última opção deles, até porque 99% deles não seriam nem a minha última opção. Mas voltando ao 'hoje conheci um cara'... Quando falam em amor eu o imagino como nos livros: um garoto esbarra em uma garota no corredor e BUM olho no olho, mãos se tocando pegando as folhas caídas no chão e pronto, ele é dela e ela é dele... THE END. Mas na vida real as coisas não funcionam bem assim.
Era uma quarta-feira chuvosa e eu resolvi entrar na livraria (não resisto a uma livraria), de início não reparei no garoto desajeitado parado de frente para a prateleira onde ficavam os livros de esporte, não que agora eu tenha reparado nele ou no que ele ia comprar, é só que, a seção de esporte é uma das minhas preferidas. Cabelo bagunçado, casaco vermelho, brinco nas duas orelhas, olhos atentos e sorriso nervoso. Não que eu tenha reparado no garoto é que... Tudo bem, eu reparei no garoto. Segui para a seção de literatura estrangeira. Não sei por quanto tempo fiquei ali 'perdida' entre os livros, mas perdi o garoto de vista. Saí andando pelos corredores e fui na seção de esportes. Não te contei ainda, mas me amarro em futebol (não te contei mas deu pra perceber, né?) Na verdade me amarro em várias coisas de "menininho" como diz minha tia, sempre fiz o tipo 'moleca', nunca fui do tipo 'princesinha do papai'. Por falar em futebol, me amarro no Flamengo desde pequena. Começou com a minha avó, passou para o meu pai e meu pai me deu esse presente logo quando nasci. Casa cheia, família reunida, TV ligada, pipoca, Manto rubro negro no corpo e pronto: era o paraíso pra mim. Sempre fui torcedora apaixonada e depois do gol do Pet no Maracanã lotado aos 43' do segundo tempo (2001) o Flamengo roubou meu coração de vez. Abri alguns livros que estavam na prateleira, muitos eu já tinha. Fiquei uns dez minutos folheando um livro que falava sobre a magia da Nação Rubro Negra, mas algum desastrado que estava ali por perto derrubou um livro no chão.

Nota: Acho um pecado mortal derrubar um livro no chão. 

De imediato me virei para salvar o pobrezinho das garras do desastrado que o tinha derrubado. Fitei-o no chão e li: "Corinthians - o time da Fiel". Ótimo, o desastrado era um corinthiano (claro que esse ótimo foi ironia, não gosto muito de corinthianos), mais que isso, o corinthiano desastrado era o garoto de olhos atentos e sorriso nervoso. Peguei o livro do chão.

-Obrigado. 
-Por nada. -respondi um pouco tímida.

Silêncio. Olho no olho. Segundos de tensão. Eu poderia me virar e ir embora, mas não sei, não quis.

-Devo me preocupar? -falei em tom de brincadeira apontando para o livro e para a minha bolsa logo em seguida.
-Com o que? -ele franziu a testa como quem não entendeu a piada.
-Com meus pertences. Levantei a sobrancelha como quem não acredita que vai ter que explicar a piada.

Nota de esclarecimento: No mundo do futebol cada clube tem sua (má) fama, no caso dos corinthianos, dizem as más línguas, que eles gostam de pegar que não lhes pertence, ou seja, roubar. O futebol e suas brincadeiras, como não amar?

Ele continuou com cara de quem não tinha entendido nada. "Que bela maneira estúpida de começar uma conversa.", pensei.

-Esquece -falei esboçando um sorriso sem graça.

Virei as costas e fui saindo lentamente procurando um buraco para enfiar a cabeça.

-Acho que roubei seu celular, garota. -gritou ele.

Meu coração acelerou, mas não me virei. Coloquei a mão no bolso e senti o volume do meu celular na calça. Ouvi risos atrás de mim. Me virei lentamente e o maloqueiro* corinthiano estava gargalhando. Ele se aproximou com aquele sorriso no canto da boca.

-Eu entendi a piada, mas quis te deixar sem graça.
-Percebi. -mordi o lábio e fitei o chão.
-Deixa eu adivinhar... São Paulina? -ele falou e em seguida vez uma cara de nojo.
-Não. Bambi não é meu filme preferido. -gargalhei

Nota: Times tricolores tem fama de 'viados', assim, na lata mesmo, V-I-A-D-O. No mundo dos jargões esportivos "viado", "favelado", "ladrão" e etc não são vistos como preconceituosos porque todo mundo leva na brincadeira. Não preciso explicar qual animal é o bambi, né? Pois bem.

Ele riu também.
-Palmeirense? -chutou ele mais uma vez.
-O que você tem contra os times do Rio, garoto? -falei em tom de revolta e ao mesmo tempo de brincadeira.
-Hmmm. Soltando piadinhas, ar de superior... Flamenguista.
-Ar de superior? Sou superior.
-Se acha superior, não quer dizer que seja.
-Maloqueiro. -brinquei.
-Mulamba**. -ele retrucou.

Caímos na gargalhada. Fomos em direção à saída da livraria conversando animados, distraídos. De repente o alarme da livraria disparou e por instinto paramos. Olhei para as mãos do corinthiano e ele ainda estava segurando o livro que tinha caído no chão. Piada pronta.

-É corinthiano mesmo, hein. -gargalhei.

* Como são denominados torcedores do Corinthians.
** Como são denominados torcedores do Flamengo.

29 agosto, 2013




OK! Tenho que falar sobre o que aconteceu ontem. Flamengo, Maracanã, Nação, Jogo decisivo, antis enchendo o saco, favoritismo do lado do time adversário... Não restava dúvidas: era jogo pro Flamengo. Muitos aqui enalteciam o elenco do Cruzeiro, não vou dizer que o time dos caras é ruim, porque não é, mas os antis esqueceram de uma coisa: do outro lado não era um time qualquer, ERA O FLAMENGO. Sim, o Flamengo! O Flamengo do Zico, do Pet, do Adriano, do Bruno, do povo, da calçada ornamentada de diamantes, da estrada de barro que leva ao morro. O Flamengo do São Judas, o Flamengo que ganha jogos impossíveis, que não desiste, que briga, que é fibra, que é RAÇA, e que é, acima de tudo, o Flamengo da GENTE! Flamenguista não desacredita, flamenguista que é flamenguista sabia, a partir do momento que a emissora de TV deu o close na arquibancada que a Nação estava ali porque sabia, sem sombra de dúvidas: eu vou sair daqui sorrindo! E digo mais: a Copa do Brasil vai ser nossa. Sonhadora, eu? Não, meus queridos, FLAMENGUISTA! Porque, diferente de todos os outros times, o Flamengo respira, o Flamengo pulsa, o Flamengo VIVE. E com o Flamengo, meus amigos, NINGUÉM PODE.




SRN!