10 agosto, 2010

Continuação do post anterior: Meu coração Rubro-Negro


Okay, aqui estou... Oi Terra, muito prazer! Confesso que não gostei muito de você , apesar de não te detestar, exatamente. Você é apenas diferente do que eu estou acostumada, na verdade você é muito diferente. Sabe o que eu sinto quando estou aqui? Um vazio. Será que esqueci alguma coisa no céu? Bom, isso não importa. Tenho que ir em busca de respostas. Na verdade, eu não sei onde encontra-las.

Andando pelas ruas da cidade onde estava encontrei um grupo de homens de vermelho e preto e meio que não entendi porque eles estavam todos iguais. Creio que o meu semblante espantado despertou neles um interesse por mim. O engraçado é que em nenhum momento eu tive medo que eles me fizessem algum mal, eu me sentia tão segura ao lado deles e mesmo sem entender o motivo dessa sensação me aproximei e contei-lhes o porque da minha visita a terra. Eles se interessaram pela minha história e me perguntaram quais as perguntas que eu tinha trazido... Abri meu caderninho e eles puderam ler:

1- O que são as luzes que brilham mais do que o sol?

2- Que música é aquela cuja melodia não sai da minha cabeça?

3- Por que alguns corações batem diferente dos demais?

Eles se entreolharam e pude perceber que não sabiam a resposta para nenhuma das minhas perguntas. Depois que passou o interesse deles por mim chegou o momento de me interessar por eles e perguntei de um por um os seus nomes, mas eles me disseram que eram um só. Eu me espantei, claro. Como um grupo de pessoas tem um nome só? Será que é costume aqui na terra? Eles se denominavam FLAMENGUISTAS. E me perguntei se podia me chamar assim, já que não tinha nome. Então eles disseram que não sabiam me informar, porque não estava em minhas mãos decidir isso. Será que eles tinham um oráculo? Que dizia quem era quem e que caminho cada um iria seguir?

Então eles me levaram para a casa de um deles. Quando cheguei confesso que me assustei, tinha muita gente, e quando digo muita gente, eu quero dizer muita gente mesmo. Ele me disse que era dia de jogo e eu fiquei me perguntando o que era um jogo, eles pareceram perceber que eu não estava entendendo muito bem o que a palavra "jogo" queria dizer. Os Flamenguistas me explicaram que um time denominado FLAMENGO ia entrar em campo e me convidaram para assistir ao tal jogo. Eu nunca tinha ouvindo falar em jogo e se não ia conseguir as minhas respostas ao menos voltaria para o céu com uma novidade para contar. Decidi ir assistir ao tal jogo.

Saímos em muitos em direção ao que eles chamaram de casa, um tal de "Maracanã". No caminho eu pude perceber que existiam muitos flamenguistas e eles eram diferentes dos outros humanos que eu tinha encontrado, eles tinham algo especial... Eu só não sabia o que era. Entramos na casa do Flamengo e fui presenteada com um pano vermelho e preto, igual ao que eles usavam, com isso me perguntei se já fazia parte da família, um deles como se lesse meus pensamentos me disse: Ainda não.

Ao perceber que eu fiquei sem saber como usá-la ele me instruiu: Isso é um manto sagrado, a partir do momento em que você o veste ele faz parte de você e você nunca mais será a mesma. Eu o vesti e naquele momento senti que realmente eu não era mais a mesma, havia algo diferente, eu só não sabia o que era... AINDA!

Sentamos nas cadeiras e então, sem intenção nenhuma eu consegui a resposta para minha primeira pergunta: "O que são as luzes que brilham mais do que o sol?" Homens... Homens não, Flamenguistas soltavam fogos, coloridos, lindos e brilhantes... Eram muitos e naquele momento eu senti que ali era o centro do universo, tínhamos o nosso próprio sol.

Aquilo mexeu comigo, e antes que pudesse perceber entrou em campo (que me lembrou os campos do céu onde os pastores levam suas ovelhas para passear) um grupo de homens, iguais aos que estavam ao meu lado, só que eles eram 11, nós éramos milhares. E no momento em que eles surgiram, eu consegui a resposta para a minha segunda pergunta: "Que música é aquela cuja melodia não sai da minha cabeça?" A canção começou a se expandir pela nossa casa e eu perguntei ao flamenguista que estava ao meu lado o que era que estava acontecendo comigo, porque eu me sentia bem quando ouvia aquele som e que som era aquele. Ele me disse que era o HINO da nação dos Flamenguista e para me ajudar a entender ele comparou o Hino com o barulho da voz do Pastor ao chamar suas ovelhas. O Hino toca e quem faz parte do "rebanho" acompanha.

Eu já estava me sentindo muito bem ao lado deles, e não me importaria se não descobrisse a resposta da minha última pergunta, mas quando o jogo começou eu percebi algo estranho, um ritmo diferente que vinha dos flamenguistas que estavam comigo, só então percebi... Era o coração deles... Era o coração dos Flamenguistas que eu sentia pulsar lá do céu. Mas, como era possível? Antes que pudesse perguntar a alguém o porquê daqueles corações baterem diferentes dos demais corações humanos eu percebi algo de estranho comigo...

O embrulho que o meu Pai me deu, ele estava vivo. Retirei o pacote do bolso e percebi que havia chegado a hora de abri-lo... Com as mãos trêmulas quase chorei ao ver o que Papai me dera de presente... Era um coração, não um coração qualquer, era um coração Rubro-Negro e ele batia, e batia de um jeito especial. Perguntei ao flamenguista que estava do meu lado o que aquilo significava e ele me explicou que o coração de um escolhido é diferente, ele é mais intenso, mais forte, mais apaixonado, mais empolgado e especial que qualquer outro coração. Mas, fiquei sem entender porque o meu coração era Rubro-Negro. Ele simplesmente sorriu, e eu conhecia aquele sorriso. Papai estava ao meu lado e a última coisa que me lembro foi que ele me disse: "Você encontrou o seu destino, foi escolhida para ser especial. Você vai fazer parte de uma força maior, de algo maior que você, algo maior do que você possa compreender ou tentar explicar. Algumas vezes você se sentirá triste, mas o sentimento que você carrega a partir de agora dentro de você te lembrará que existe algo além. Depois que o sangue rubro-negro passar pelas veias do seu coração você não vai mais pensar em ser de outra maneira, porque acima de tudo o Rubro-Negro se orgulha de ser quem é e nunca, nunca mesmo, independente da situação ele abandona seus irmãos e a sua nação. Nem todos são flamenguistas, não porque não queiram, mas simplesmente porque não foram aceitos, não foram escolhidos.".

Foi nesse momento em que vi uma luz forte e alguém falando: "É uma menina, nascida na data presente às 12:55, bem vinda ao mundo." A partir dai eu já sabia... Nasci para ser FLAMENGUISTA!

Destino.


Eu estava aqui pensando em escrever um post sobre o Flamengo, mas cheguei a conclusão de que eu não sairia do lugar. Não por não ter o que escrever, mas por não ter como expressar o amor e o orgulho de carregar nas minhas veias o sangue rubro-negro.
Sempre me ensinaram que as palavras podem traduzir emoções e sentimentos, mas acredito que minhas palavras não honrariam o sentimento que tenho dentro de mim.
Será que há algo de errado com as palavras por não serem suficientes?
Será que há algo de errado com o sentimento por ser tão intenso?
Será que há algo de errado comigo?
Sempre ouvi dizer que o sentimento por um time de futebol é o mesmo, o orgulho é o mesmo independente de qual seja o time, mas quando conheci o Flamengo eu percebi uma coisa de estranha. Será que há algo de errado com o Flamengo?
Não sei ao certo quando esse sentimento nasceu, na verdade acredito que já tenha nascido comigo.
Antes de ser enviada para a terra eu gostava muito de ficar lá de cima nas nuvens observando os seres humanos que a habitam, dentre as coisas que observava me lembro de que certas vezes eu reparava lá de cima um tipo diferente de brilho, um tipo diferente de música e até um tipo diferente de batida de coração e eu nunca entendia o porque daquelas sensações serem diferentes das sensações que eu já conhecia. Um dia eu fui ao meu pai e o questionei sobre tais sensações e ele me disse que por alguns dias eu prestasse um pouco mais de atenção naquilo que eu achava estranho e que anotasse o que tinha descoberto.
Ao questiona-lo sobre a distância que existia entre mim e o meu ponto de observação (que Ele passou a chamar de destino) ele me propôs que eu fizesse uma espécie de pesquisa de campo e descesse a terra em busca de respostas para as minhas inquietações. Mas, como toda criança eu tive um pouco de medo, afinal de contas eu iria entrar em um mundo que não era o meu, que seria um dia, mas que no momento não fazia parte da minha vida. Para me acalmar Ele me confessou que eu iria encontrar alguns amigos no caminho, mas não entrou em detalhes. Mais confiante com suas palavras peguei um caderninho e uma caneta e Ele me entregou um embrulho e deu-me a ordem de não abri-lo até ter certeza de que era o momento certo. Mas, como saber qual era o momento certo?
Para essa pergunta ele respondeu somente que eu saberia, mas que tivesse muito cuidado, pois as pessoas tendem a se desviar do caminho.
O grande dia havia chegado... Eu desci a terra e fui em busca daquilo que seria o meu destino.
O post seguinte fala do dia em que descobri quem eu era de verdade.