16 agosto, 2011

Que engraçado!


O ser humano é engraçado. Na verdade, não sei se engraçado é a palavra certa, mas tudo bem.
É impressionante como nos julgamos fortes, independentes, auto suficientes e espertos. O engraçado (eu particularmente acho muito engraçado) é como tudo isso vem abaixo quando pequenas coisas e até pequenas palavras nos atingem. E o engraçado (já deu pra perceber que 'engraçada' é a palavra de hoje?) é que nos deixamos atingir até por pequenas palavras, e olhe que, palavras não são coisas em que devemos confiar. Primeiro porque não se trata de uma 'coisa'. Bom, o que eu quero dizer é que, palavras o vento leva, a gente esquece, às vezes tem dois ou mais significados e às vezes... São apenas palavras. Muitas vezes achamos que somos capazes de ganhar o mundo, mas no primeiro obstáculo, na primeira provação pensamos: "Não dá. Deixa pra lá".
Eu conheço a história de uma menina que acordou um dia se perguntando se aguentaria levar o mundo nas costas, caso precisasse. Se existissem tantas as obrigações, tanta responsabilidade, e se muitos esperassem dela todas as decisões do mundo. Ela conseguiria? Depois de muito pensar chegou a conclusão de que não. De maneira nenhuma conseguiria levar o mundo nas costas. Não mesmo.
Ela saiu da cama ao ouvir o choro de fome do seu irmão mais novo e foi até a cozinha preparar-lhe o mingau. Sua mãe trabalhava numa casa do outro lado da cidade e ela sozinha cuidava da casa, do pai doente, cozinhava, lavava roupa para as vizinhas em troca de alguns poucos trocados, estudava e cuidava dos três irmãos com uma paciência infinita, que poucas mães tem. Enquanto as outras meninas brincavam na rua, ela tinha que ficar em casa. Mas no fundo ela não se importava. Cansada, muitas vezes se entristecia, mas continuava a sua jornada diária. Ela perdeu a conta de quantas vezes teve que respirar fundo para não desabar, e quantas vezes mais achou que não ia conseguir, pensou em abrir mão de tudo. Mas, a necessidade falou mais forte. O amor que ela sentia por sua família falava mais forte. Naquele mesmo dia após alimentar seus irmãos, deu remédio ao seu pai e deixou algo pronto para sua mãe que chegaria tarde do trabalho e, com certeza, com muita fome. Algum tempo depois andou por todos os cômodos da casa, que naquele momento, tarde da noite, estavam silenciosos. Todos dormiam, a casa dormia, o vento dormia. Ao pensar no seu dia e em tudo o que fizera ela se deu conta de que mesmo sem perceber e sem duvidar de si mesma, ela levava o mundo nas costas. Ela sorriu. Sorriu porque achou isso muito engraçado!

21 junho, 2011

Acho que vai chover...


As pessoas costumam falar que odeiam a chuva, que é um saco se molhar, que ela atrapalha a vida de todo mundo. Eu não penso assim, pelo contrário.
A chuva proporciona uma coisa rara, ao menos pra mim: solidão. Quando chove as ruas ficam vazias e parece que eu sou o único ser humano a habitar a terra. Tudo fica diferente. O céu, as ruas, o mar, as pessoas, os rostos, eu.
Há vários tipos de chuva.
Tem a chuva de fim de tarde que vem junto com o pôr do sol, e me deixa com a sensação de que os anjinhos estão felizes com a chegada de alguém muito especial ao céu.
Tem a chuva que vem junto com o sol na hora em que ele vai nascer, e me faz pensar que ela veio pra lavar o ontem, apagando o quadro negro da vida e dizendo: "Vamos começar de novo, okay?".
Existe a chuva que aparece bem no meio da tarde, dizendo: "Que tal parar um pouco, tirar o chinelo, fazer um cappuccino, se acomodar e aquecer o coração?"
Independente da hora em que aparece, chuva sempre tem aquele barulhinho bom das gotinhas batendo contra o vidro da janela do quarto e deixa aquele cheirinho de terra molhada. Esse cheiro que me lembra o bolo da minha avó, o colo da minha mãe, as histórias contadas pelo meu pai, as brincadeiras no meio da rua com meus amigos, as balinhas que meu avô me comprava, os passeios no fim de semana, a hora do recreio, meu desenho animado preferido, as minhas barbies, brincar de Batman e Robin com o meu primo, os jogos do Flamengo com a família toda reunida, as conversas com minha melhor amiga, aquele filme com o menino que julgava ser apenas o meu amigo, mas que pra mim era muito mais. E o melhor de tudo, os banhos de chuva com todos os outros amiguinhos da rua e nossas mães loucas, gritando: "Vai ficar doente, viu! Depois não me chame pra dizer que tá com dor de garganta. Não diga que não lhe avisei!". E a sensação de chegar em casa depois dessa brincadeira, trocar de roupa, se sentir aquecida e ir assistir 101 dálmatas? Nossa, como era bom!
Toda vez que vejo a chuva é como se eu voltasse no tempo e caísse direto naqueles dias.
As vezes chego até a deixar de lado essas lembranças, minhas preocupações enchem minha cabeça e não deixam espaço para mais nada. Ai vem a chuva, me pega pelo braço e diz: "Ei, lembra de como era bom? Viver de passado é ruim, mas relembrar como você chegou aqui é sempre necessário. Permita-se!"
Então, continuando...
Ops, preciso ir. Lá vem a chuva.
E daí que não tem sol e praia? Tem o bolo da minha avó, o colo da minha mãe, as histórias contadas pelo meu pai, as brincadeiras no meio da rua com meus amigos, as balinhas que meu avô me comprava, os passeios no fim de semana, a hora do recreio, meu desenho animado preferido, as minhas barbies, brincar de Batman e Robin com o meu primo, os jogos do Flamengo ...

08 maio, 2011

Purgatório


Há noites em que tudo o que eu encontro é o vazio. O vazio do meu quarto, do meu coração, dos meus pensamentos e dos meus sentimentos, e a única coisa que parece fazer sentido é a escuridão do meu quarto.
Há noites em que eu queria poder voltar atrás, nas atitudes, nas palavras, nas escolhas.
Há noites em que eu sinto saudade de quem eu era, de quem eu queria ser quando pudesse escolher qual caminho seguir, saudade do que nunca me pertenceu, mas que sempre foi meu, na minha cabeça e principalmente nos meus desejos.
Há noites em que sinto todo o chão abrir sobre os meus pés e há outras noites em que percebo que o meu chão nunca esteve aqui.
Há noites em que meus erros e meus demônios me perseguem, e eu tento desesperadamente fugir, esquecê-los. É uma luta dura, quase que insuportável, é uma luta diária. Há noites em que consigo fugir, me esconder e os raios de sol são a única coisa que me conforta, porque é o sinal de que eles foram embora. Foram? Há outras noites em que me alcançam, me machucam. E tudo o que sinto é uma dor latente, quase que como a dor de mil espadas transpassando o meu corpo, dividindo-o em mil pedaços e juntando-os novamente para começar tudo de novo. E eles me punem sem piedade, sem culpa. E se pudesse observar seus rostos, acredito que veria, sem sombra de dúvida, um sorriso malicioso de prazer.
Há noites em que eu me sinto culpada pelos erros dos outros, ou seriam meus erros envoltos em uma 'capa' criada por mim para não atrair mais demônios?
Há noites em que eu queria pedir desculpas pelo que fiz à algumas pessoas e dizer que se pudesse voltar atrás, tudo seria diferente. Mas o tempo não volta, ao contrário, ele segue, corre desenfreadamente...
Há noites em que eu recordo cada lembrança, cada sorriso, cada pessoa, cada gesto, cada perfume, cada sabor... E há noites em que escondo tudo isso em uma caixa, só para não ter que sentir e finjo que são lembranças de outra pessoa.
Há noites em que eu simplesmente me entrego... Aos demônios, as lâminas, as culpas, as dores e as lágrimas. É nessa noite em que eu me sinto mais frágil, entregue nas mãos dos meus carrascos, jogada na vala de conseqüências das minhas escolhas. Mas, eles não deveriam fazer isso comigo, eu sou um anjo. "Não" dizem eles, "suas escolhas fizeram de você um anjo caído". E isso, bem, isso muda tudo...

29 janeiro, 2011


Você já se sentiu como um saco plástico
Flutuando pelo vento
Querendo começar de novo?
Você já se sentiu frágil
Como um castelo de cartas
A um sopro de desmoronar?
Você já se sentiu enterrado
Gritando sob seis palmos
Mas ninguém parece ouvir nada?


...


Firework - Katy Perry ♪