21 junho, 2011

Acho que vai chover...


As pessoas costumam falar que odeiam a chuva, que é um saco se molhar, que ela atrapalha a vida de todo mundo. Eu não penso assim, pelo contrário.
A chuva proporciona uma coisa rara, ao menos pra mim: solidão. Quando chove as ruas ficam vazias e parece que eu sou o único ser humano a habitar a terra. Tudo fica diferente. O céu, as ruas, o mar, as pessoas, os rostos, eu.
Há vários tipos de chuva.
Tem a chuva de fim de tarde que vem junto com o pôr do sol, e me deixa com a sensação de que os anjinhos estão felizes com a chegada de alguém muito especial ao céu.
Tem a chuva que vem junto com o sol na hora em que ele vai nascer, e me faz pensar que ela veio pra lavar o ontem, apagando o quadro negro da vida e dizendo: "Vamos começar de novo, okay?".
Existe a chuva que aparece bem no meio da tarde, dizendo: "Que tal parar um pouco, tirar o chinelo, fazer um cappuccino, se acomodar e aquecer o coração?"
Independente da hora em que aparece, chuva sempre tem aquele barulhinho bom das gotinhas batendo contra o vidro da janela do quarto e deixa aquele cheirinho de terra molhada. Esse cheiro que me lembra o bolo da minha avó, o colo da minha mãe, as histórias contadas pelo meu pai, as brincadeiras no meio da rua com meus amigos, as balinhas que meu avô me comprava, os passeios no fim de semana, a hora do recreio, meu desenho animado preferido, as minhas barbies, brincar de Batman e Robin com o meu primo, os jogos do Flamengo com a família toda reunida, as conversas com minha melhor amiga, aquele filme com o menino que julgava ser apenas o meu amigo, mas que pra mim era muito mais. E o melhor de tudo, os banhos de chuva com todos os outros amiguinhos da rua e nossas mães loucas, gritando: "Vai ficar doente, viu! Depois não me chame pra dizer que tá com dor de garganta. Não diga que não lhe avisei!". E a sensação de chegar em casa depois dessa brincadeira, trocar de roupa, se sentir aquecida e ir assistir 101 dálmatas? Nossa, como era bom!
Toda vez que vejo a chuva é como se eu voltasse no tempo e caísse direto naqueles dias.
As vezes chego até a deixar de lado essas lembranças, minhas preocupações enchem minha cabeça e não deixam espaço para mais nada. Ai vem a chuva, me pega pelo braço e diz: "Ei, lembra de como era bom? Viver de passado é ruim, mas relembrar como você chegou aqui é sempre necessário. Permita-se!"
Então, continuando...
Ops, preciso ir. Lá vem a chuva.
E daí que não tem sol e praia? Tem o bolo da minha avó, o colo da minha mãe, as histórias contadas pelo meu pai, as brincadeiras no meio da rua com meus amigos, as balinhas que meu avô me comprava, os passeios no fim de semana, a hora do recreio, meu desenho animado preferido, as minhas barbies, brincar de Batman e Robin com o meu primo, os jogos do Flamengo ...

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