04 junho, 2012


E tudo estaciona sempre no mesmo lugar, na mesma dúvida, no mesmo buraco negro que insiste em me engolir. É muito sentimento confuso para pouca pessoa decidida. Pessoa ou pessoas? Quem o buraco negro quer levar? Eu? Quem eu era? Quem eu quero ser? O que foi que nós fizemos a você, buraco negro? Para que tu queira levar uma de nós? Ou todas nós... Como vai saber qual é a certa para levar, se nem eu, que pertenço a todas elas, sei qual delas certa é? Só sei que tenho um pouco de cada: da Inocente, da Assustada e da Madura. E é quase que insuportável aguentar a bagunça que fica dentro de mim quando elas resolvem debater entre si. Por que eu tenho que arrumar a bagunça? Nossa bagunça, talvez? A Inocente sempre acredita em tudo o que escuta, a Assustada sempre corre de tudo o que escuta e a Madura analisa cada palavra do que escuta. A Inocente fica feliz quando sente alguma coisa. Sentir é bom, afinal. A assustada... Sentir? Cadê a Assustada? Correu pra não ter que sentir nada. A Madura sabe lidar com o que sente, mas não tem tempo porque fica correndo de mãos dadas com a Inocente sempre atrás da Assustada. E quando todas resolvem acreditar, ouvir, falar, correr, buscar e sentir ao mesmo tempo... Eu travo. Não sei qual ouvir, não sei qual aceitar. As três sempre tem razão. É cansativo ser três ao invés de uma. Eu até gosto da Inocente. Gosto da maneira como seus olhos brilham ao mínimo sinal de carinho. Sua boca move-se tão rápido quando ela fala que é difícil, até pra mim, conseguir acompanhá-la. Ela se joga, se entrega, acredita e vive. E como vive. Ela gosta de todo mundo, até mesmo das pessoas que já lhe machucaram. Guardar rancor pra que? A Assustada é legal, às vezes. Não sentir significa não se machucar, mas também significa não viver. Viver é legal, né? Assustada? Cadê você, menina? Já correu, coitada. Nunca vai ser feliz assim, mas também não vai sofrer. Ou vai? A Madura sabe se posicionar, aceitar, dizer não, pensar, pesar, escolher, decidir... Mas passa tanto tempo concentrada em ser madura que quase não aparece por aqui. Infelizmente, as três andam de mãos dadas o tempo inteiro. E se eu tivesse que escolher? Se eu sou acostumada com as três, com o barulho de seus pensamentos, com a bagunça... Será que o silêncio me cairia bem ou eu acabaria por cair com ele? Alguém pode segurar a minha mão? Ninguém? OK, tudo bem.

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